quinta-feira, 3 de junho de 2010

Palavras

Hoje recuso -me a usar palavras! Estou cansada de associar letras umas às outras para formar parabolas, ou parabolés, ou words, ou paroles, ou 話, ou worte. . . 
Porque dependemos nós de uma parabola para podermos expressar-mos? Já não basta as parábolas que os matemáticos inventam para comunicar entre si porque é que os eruditos que, para se mostrar poliglotas, aprendem o latim só para usarem as parábolas?
As palavras servem para expressar partes do que nosso fantástico cérebro maquina; expressam emoções, vontades, ordens, receios. . . tudo e mais alguma coisa e quando não existe a palavra que mais se adequa aos devaneios do nosso meio cognitivo maltratamos a língua materna e inventamos novas palavras...
Sendo o Homem um ser superior, acima de todas as coisas até de Deus, capaz de destruir aquilo que levou triliões de anos a construir - o planeta Terra - consegue ser dominado por algo tão simples como uma palavra. É  a ironia do destino, inventou o Homem o alfabeto para se poder expressar em sociedade, pensado ele que dominava a sua própria criação mas o que veio a acontecer é que são as palavras que vieram a dominar, e tal ideia serve de analogia com a criação divina, pois criou Deus Adão e Eva e colocou-os no paraíso para Sua alegria mas, a história conta que Adão e Eva, seduzidos por Lucifer, desobedeceram a Deus. Ora tendo Este perdido o controlo da Sua obra expulsou-os do seu paraíso . . . Não diz na bíblia mas julgo que nesse dia Adão e Eva enfureceram Deus, e foi tal a fúria que, como castigo, os descendentes de Adão e Eva foram amaldiçoados e não  posso eu continuar a divagar sobre a criação divina porque é de palavras o tema desta minha modesta reflexão . . . 
Hoje digo que as palavras são egocêntricas, porque é sempre à sua volta que tudo gira até o Homem! As palavras são como o urânio radioactivo: tem de se ter muito cuidado quando e como se utilizam pois basta se pronunciar ou escrever determinada palavra na hora e no sitio errado para que se venha repetir a catástrofe de Chernobyl...
O homem depende das parabolés para dizer aquilo que tem a dizer, sofre quando não ouve ou não lê determinada palavra, mas também se pode rir e ficar feliz quando ouve o que quer ouvir ou lê o que quer ler. Ora sendo o Homem um ser que cuja palavra pode ser escrita em letra maiúscula não consegue dominar a palavra, ele é muitas vezes seu submisso pois obedece ao que a palavra expressa.

1 comentário:

  1. Estava sem vontade para escrever. Contudo abri as comportas da inspiração e o que parecia ser espesso e infértil fluiu como a água duma nascente sobre um campo ressequido:

    As palavras são como o Homem ou a ciência, podem ser usados para grandes feitos assim como podem causar a destruição. As palavras nas mãos de quem as sabe usar podem ser uma pistola, uma faca de serrilha ou uma granada. Também podem ser construtivas e criadoras de coisas fantásticas. No entanto penso que a melhor função das palavras talvez seja a capacidade que tem de abrir portas. Como uma chave, as palavras abrem portas, podem-te abrir a porta do céu ou a do inferno, com elas conseguirás abrir a porta da amizade assim como a dos desatinos. Usa-as para te abrirem as portas do futuro, aquelas por onde só passa quem usa as palavras certas.

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